29 de agosto de 2007

Desenlacemos as mãos.

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos).

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente.
E sem desassossegos grandes.


(...)

Ricardo Reis


Ouvindo: The Cure- Lovesong.

6 comentários:

Pedro Custódio disse...

Grande Fernando pá!!

Marta disse...

Discordo com o Pessoa. Se temos tão pouco tempo, então mais vale passarmos esse pouco tempo que temos da melhor forma possível e acompanhados da melhor maneira possível. Enlaça as mão com as melhores pessoas que conheceres. E acredita que, se elas enlaçaram contigo as mãos, é porque queriam tanto como tu passar por aqui bem acompanhadas. Os humanos completam-se uns aos outros. O Pessoa nem sempre tinha razão...

Pedro Custódio disse...

posta pá, posta !!

Pedro Custódio disse...

Noites que passam e vão passando, e tu não escreves.

*cu

Stranger disse...

LÍDIA MUST DIE !
DIEEEE

Anónimo disse...

Não concordo. Com isto não posso concordar. Sim a vida passa depressa, e não há nada que possamos fazer para a fazer abrandar. E tal como a água do ria corre sempre em frente, a vida também não anda para trás. A vida passa rápido, nem damos por ela a passar, e se passar silenciosa nem notamos que está lá. A vida é para se viver, para se ouvir. Se viveres não vivas calada(o), fala, canta, grita, berra, mas não murmures, pois se murmurares ninguém te ouve, ninguém dá por ti, e quando por ti dás a vida já passou, silênciosa, calada, sem passar.