23 de dezembro de 2007

Está frio aí dentro?

É tempo de abrir o gira-discos esquecido no canto da casa, e ouvir as melodias de natal que arrepiam e aquecem o coração.


15 de dezembro de 2007

Encontros com gentes de outro tempo.

Seguía pela rua velha, cantarolando baixinho a sua melodia preferida.
- Ah.. Olá! Há tanto tempo que não te via. Está tudo a correr bem?
-Sim, e contigo?
-Também.
- [Silêncio.]
-Bem, então adeus!
- Adeus!

Mudou de melodia e continuou o seu caminho...
- Olá!
- Olá! Estás boa?
- Sim, e tu?
- Também! Estás tão gira!
- Oh..
- [Silêncio.]
- Então adeus.
- Adeus.

Seguiu em frente, mas desta vez sem qualquer melodia a sair-lhe por entre os dentes. As palavras congelaram, com tanto frio.

As conversas que antes eram tudo, tornaram-se em quase nada. As palavras somem-se das bocas. Não há movimento, não há som. O que há é apenas um silêncio embaraçante, um total congelar.
As gentes mudaram.
As melodias acabaram.
As conversas, essas, são agora sempre as mesmas.



Tenho pena que assim seja.

8 de dezembro de 2007

Nouvelle Vague.

- I want to hear everyone screaming fuck as loud as you can. Un, deux, troi!

-
FUCK!!!




O concerto no casino foi genial.
E o grito soube-me mesmo bem.

4 de dezembro de 2007

Donna Maria, A 'música para ser humano'.


O novo álbum dos Donna Maria, Música Para Ser Humano, já está pronto a ser levado para casa.
Cheira-me a um bom presente de Natal, a abarrotar de bonita música portuguesa.



O single de apresentação, 'Há amores assim':




Ouvindo: Musica para ser humano.

30 de novembro de 2007


Hoje dou-lhe um tiro, amanhã mato-a de vez.




Ouvindo: Donna Maria- Fragmagens.

29 de agosto de 2007

Desenlacemos as mãos.

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos).

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente.
E sem desassossegos grandes.


(...)

Ricardo Reis


Ouvindo: The Cure- Lovesong.

10 de agosto de 2007

O País das cores.

Descobri mais um cantinho de Portugal. E que cantinho...!









Isto é Portugal, o País das cores.
Aqui todas as cores se juntam numa dança sem corpo visível, que quase mata o olhar.
Aqui o céu é sempre azul. Pelo menos há quem o veja sempre assim.

É muito triste serem raros os portugueses que preferem conhecer o seu próprio país antes de mergulhar nas águas límpidas das Caraíbas, passear pelas românticas ruas de Paris, ou percorrer Veneza de gôndola.



E há ainda tantos cantinhos destes para descobrir aqui, no País das cores.


Ouvindo: Sia- Butterflies.

9 de agosto de 2007




Just nineteen, this sucker's dream.






Ouvindo: Jorge Palma- A velhice.


28 de julho de 2007

História de gente antiga.

Acabei de lamber uma gota de cerveja do meu dedo mindinho. Tenho que estar inspirada. Hoje não há desculpas.

Lá está ele, sentado no mesmo banco do jardim, debruçado sobre as pernas, como se algo importante se passasse debaixo dos seus pés. A bengala que segura com a mão esquerda suporta-o, evitando que a falta de equilíbrio que a idade traz vença, e que o pobre velho caía redondo na relva que tanto admira.
Lá estou eu, sentada naquela relva, observando-o por entre dois ramos da árvore grande do jardim. Observo-o há já alguns dias, carregada de falta-de-coragem para me aproximar.
Levanto-me, e inspiro o mais fundo que consigo. A coragem não me vai faltar desta vez. Desta vez não.
E vou torcendo para que o corpo não se vire contra a cabeça, ou a cabeça contra o corpo, e iniciem ali uma guerra aberta, na qual ganharia aquele que quisesse voltar para trás e sentar-se novamente naquela relva. Vou torcendo para que as pernas não tremam, fazendo com que todo o mecanismo inconsciente que a marcha suporta se transforme num conjunto de movimentos planeados, visualizados mentalmente e só depois realizados. Vou torcendo para que o coração não bata demasiado depressa, para não me obrigar a senti-lo na barriga, na testa, nos braços.
À medida que me aproximo penso na melhor forma de o arrancar daquele estado de concentração, que só ele percebe. Penso numa forma violenta: um grito. Penso melhor. Acho o grito demasiado violento. Penso numa tosse seca do género (tentei encontrar letras em forma de onomatopeia que a expressassem, não consegui. nunca me dei bem com a tradução de sons estranhos para letras.). Mas depois caio em mim e penso que o som dos meus passos bastará para captar a atenção do pobre velho.
Engano-me. Nem com os meus pequenos pés já dentro do seu campo de visão ele ergue a cabeça.
A minha mão, num movimento demasiado rápido e involuntário, pousa sobre o seu ombro direito, como que a gritar freneticamente 'Hei! Eu estou aqui!!'. É neste momento que o pobre homem deixa de olhar o chão que pisa e fixa os seus grandes olhos azuis nos meus pequenos olhos castanhos, que ficam ainda mais pequenos por todo o embaraço sentido.
Digo-lhe olá. Ele cospe também um seco olá, sem fazer qualquer tipo de pergunta acerca da minha origem. Sento-me na relva, em frente ao seu banco de estimação. E, passados alguns segundos de um silêncio cortante, pergunto-lhe se me pode contar a sua história. E ele conta.
O sol põe-se, e ele ainda conta a sua história. As primeiras estrelas nascem no céu liso daquela noite quente, e ele ainda conta a sua história. Todas as luzes do jardim se acendem, e ele ainda conta a sua história. Os primeiros raios de sol aparecem no horizonte, quando a boca do velho prenuncia palavras que me são demasiado conhecidas 'E aqui estou, sentado neste banco do jardim, debruçado sobre as minhas pernas, num estado de concentração que só eu percebo'.
Toda aquela noite sentada na relva do jardim, a ouvir aquele velho que há tanto tempo observo, me parece demasiado mágica para acabar só assim. Com sorte, trago dentro da mochila pregada de botões, a minha velha máquina de rolo. E assim fica registado este momento. Mas, para mim, não é o suficiente. Dou um beijo de gratidão na testa enrugada do velho. Recebo um sorriso. Parto numa correria incansável à procura da máquina de escrever.
Lembro-me da casa de fim-de-semana da minha tia. Lembro-me da minha infância passada naquele sótão, a brincar com borrachas que eram escovas-de-dentes, que eram afias, que eram dados. Lembro-me da máquina-de-escrever, que combinava tão bem com a secretária de pinho sobre a qual pousava. A minha corrida torna-se ainda mais rápida, avivada pelas bonitas memórias.
Avisto finalmente a casa de pedra da minha infância. Salto o portão. Ninguém em casa. Não me fico. Pego no primeiro objecto com aparência perigosa que os meus pequenos olhos avistam e espeto-o na janela de vidro, que dá para a cozinha. Subo as escadas de ferro em caracol o mais rápido que consigo. Ao ver a porta pequena dentro da casa de banho lembro-me do medo que ela me provocava. Faziam-me acreditar que era dentro daquela porta que moravam os anões da branca de neve. E eu acreditava. O medo apaga-se, e a memória também. Olho para o meu lado esquerdo. Era ali. Entro, e ah! lá estava ela, sobre a mesma secretária de pinho que a minha memória desenhara.
Sento-me na cadeira, também de pinho, que completa a secretária. O papel já está posto. Tem um aspecto velho e amarelo. Não me importo. Sento-me e escrevo. O sol volta-se a pôr, e eu ainda escrevo. As primeiras estrelas voltam a nascer, e eu ainda escrevo. Todas as luzes lá fora se acendem, e eu ainda escrevo. Os primeiros raios de sol voltam a aparecer no horizonte quando os meus dedos, já cansados, tocam em letras que me são demasiado conhecidas.
Guardo todas as folhas de papel velho e amarelo na mochila. Olho para o colchão encostado à parede. Parece-me acolhedor. Derrubo-o e deito-me mesmo assim.

As pernas e os braços não mexem mais, de tão satisfeitos que estão.
A cabeça não pensa mais, de tão satisfeita que está.
O coração, esse, continua a bater demasiado depressa.


Ouvindo: Radiohead- Idioteque.

10 de julho de 2007

Três.

E pensar como mudei. Como mudámos. Como, tu próprio, mudaste.
Três anos é uma eternidade, para alguns. E um abrir- e -fechar- de- olhos, para outros.
Muitas vezes passo os olhos pelas tuas letras meio verdes, meio azuis. E fecho-os logo a seguir. Fico minutos com eles fechados, a imaginar-me de novo naquelas histórias, naqueles momentos. E custa, mas sabe tão bem. Sinto que cá dentro o coração se arrasta de um lado para o outro, entre o passado e o presente.
O passado e o presente não se entendem, discutem e maltratam-se tantas vezes. Mas o presente ganha sempre. E o coração pára sempre no meio do peito, ligeiramente inclinado para o lado esquerdo.


Três anos.

Parabéns, uma vez mais.


Ouvindo: Jorge Palma- Na terra dos sonhos.


6 de maio de 2007

Espera por mim, Tempo.

Não me deixes ficar para trás, peço-te. Leva-me contigo nessa tua caminhada, que lentamente se vai transformando em corrida. Deixa-me ir ao teu lado. Nem um passo à frente, nem um passo atrás.

Acelera quando eu já não aguentar mais. Abranda quando eu sentir que nada me sabe tão bem.
Mas por favor, não me deixes perdida por aí, sentada numa nuvem que agora já não existe, por entre memórias que já não o são.

Um som já quase apagado entranha-se-me no ouvido esquerdo. Tick- tock, ouço. É o som dos teus passos. Já vais longe. Já passaste a minha nuvem.

Tenho que correr.
Espera por mim!



Ouvindo: Tick- tock. Tick- tock.



30 de março de 2007

Placebo e Arctic Monkeys (de novo) em Portugal !

Oui, c'est vrai!

Placebo- dia 19 de Maio no festival Creamfields Lisboa

Arctic Monkeys- dia 18 de Julho no Coliseu de Lisboa



Algo me diz que este ano vou ficar sem dinheiro para comer.. !

19 de fevereiro de 2007

Revivi-a durante um play

Não queria fazer o que devia fazer. Decidi-me então por abrir a tampinha e oferecer-lhe aquele. Aquele que dum lado é preto e do outro vermelho. E toquei levemente no play.
Fui buscar a caixa mágica. Não a abri, porque já é aberta. Assim custa menos, dizem. E é verdade. Não é fácil abrir uma caixa
destas.
E comecei. Fui tirando, aos poucos, todas as tiras de papel brilhante que enchiam a caixa, ao mesmo tempo que nelas entrava, cantarolando aquele play, que me tocava aos ouvidos. Entrei em todas, mesmo naquelas que não chegaram a fazer parte de mim. E como entrei, também saí. Quando dei por mim, e voltei a ouvir a minha voz novamente, estava rodeada de tiras de papel brilhante, espalhadas pelo chão de madeira do meu quarto. E a caixa mágica, que é aberta, tão vazia. E o play, que ainda não o tinha deixado de ser.
Arrumei todas as tiras de papel brilhante na caixa mágica. Tentei arrumá-las tal e qual como estavam antes de nelas entrar. Um tentar totalmente em vão. Mas a caixa, que é aberta, ficou mais que cheia, tal e qual como estava, e isso é o mais importante.
Antes de pegar nela, e levá-la para o seu sítio, roubei-lhe uma tira de papel brilhante, a mais brilhante de todas. Roubei-a e guardei-a no coração. Espero que não se importe. Quase de certeza que não irá notar, está mais que cheia, tal e qual como estava. A minha língua continuava a mexer-se, produzindo sons em uníssono com o
play.
Peguei na caixa das tiras de papel brilhante e levei-a para o seu sítio, aquecido por trapos que já ninguém usa.
Voltei ao chão do meu quarto. O som calou-se. O play transformou-se em stop. E a minha língua congelou.




Revivi-a durante um play. Dezoito anos, quase dezanove durante um simples toque no maior dos botões. Dezoito anos, quase dezanove durante doze músicas.
E ainda tive tempo de arrumar tudo o mais direitinho que consegui.
E olhem que arrumar uma caixa destas custa.
E fechá-la, ainda mais ...! (mas esta, esta é aberta.)


Ouvindo:
Donna Maria.



10 de fevereiro de 2007

E ri-me.

Subi as escadas lentamente, assim com os dois pés a tocarem cada degrau, como fazem as crianças pequenas. Eram muitas, mas eu subi-as todinhas, sem tocar uma vez que fosse no corrimão. Sim, fiquei demasiado feliz, porque os corrimões são os meus melhores amigos, quando se trata de subir escadas. O céu estava azul, daquele azul clarinho que eu tanto gosto, e o sol brilhava como nunca.

Cheguei finalmente ao cimo das escadas, um grande manto verde se estendia diante mim. Que fiz? Deitei-me, rebolei-me, esperneei-me, dei cambalhotas. E ri-me. Ri-me às gargalhadas bem fortes. E ri-me ainda mais do meu próprio rir. Rir faz tão bem, sabes? E ali fui feliz. Ali, onde o verde da relva, o amarelo do sol, e o azul do céu se juntaram a todas as minhas cores. Sim, porque eu, às vezes, sou um arco-íris.


Fico por aqui, se não vem a chuva, e é uma chatice. E que me perdoem os meninos e as meninas da chuva, mas eu não consigo gostar nem um bocadinho dela.



Hoje não me apetece um final triste.

1 de fevereiro de 2007

Escape Myself.

Eu já não sinto. Não sei dizer sequer se vivo. Tudo acontece só porque tem que acontecer. O tempo passa apenas porque tem que passar. Todos me vêm, mas eu não estou lá. Eu falo, mas nada digo. Olho, e nada vejo. Já não sinto. E nada me faz feliz. N A D A. Nem os raios de sol que passam pelas persianas do meu quarto são capazes de me tirar deste estado de completa insensibilidade.

Quero, mas não consigo. Não consigo, não sinto. Não sinto, não vivo. Não vivo, torço o nariz? Não! Eu quero. Então decido-me por ir andando por ai, sem sentir. Sem viver, até. Andando por ai, à espera que o tempo passe..

Solução? Tentar outra alma. Ou outro corpo, quem sabe.


[ estive ausente, mas a culpa não foi minha. os computadores... enfim, eles..! ]




Ouvindo: eu também já não oiço.